Palavra do Pároco

Despertar! “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”

Despertar! “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”

Despertar! “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”

(Carl Gustav Jung)

            Quem já não ouviu a frase “o essencial é invisível aos olhos”, de Saint-Exupéry? Cita-se, admira-se, repete-se, mas acredita-se nisso? Vivemos tão para fora!… A beleza que extasia é aquela que salta aos olhos, que mobiliza os sentidos, que acelera a respiração. Somos seres sensoriais, não há dúvida disso, mas acontece também que é isso que prevalece como critério de apreciação e, consequentemente, avaliação sobre a vida. Entretanto, o essencial continua invisível aos olhos, se não, não é essência, é facticidade, ou seja, restringe-se ao que é perceptível e imediato.

         Olhar para fora corresponde a viver para fora ou até do lado de fora de si mesmo; é direcionar a atenção e as energias apenas para o exterior, o imediato, o material, o temporal. Olhar para dentro é conectar-se com a interioridade; o que na verdade subleva é o que aprofunda; o que permanece é a consciente confissão da impermanência.

         Seja para fora ou para dentro, o que olha em nós é nosso interior, a mente. Os olhos são apenas lentes que deixam as imagens entrarem. O cérebro é quem decodifica as imagens, dando significado a elas, interpretando-as. É exatamente o mesmo que acontece com um cinegrafista ao filmar algo. A câmera apenas recebe as imagens, mas é o cinegrafista que escolhe os ângulos, direcionando a câmera para aqui ou ali. Quando na fotografia se aplica a chamada lente grande-angular, mais abrangente será o campo que ela conseguirá captar. Da mesma forma, quanto mais expandida for nossa vida interior por uma sensibilidade que vai se apurando, mais conscientes nos tornamos do que se passa em nós e ao redor.

         Viver para fora é também não prestar atenção a si mesmo, nos sinais que o coração envia. Tempo gasto e consumido apenas em fazer, esvazia o ser. Quando se olha para dentro, mais e mais se percebe que somos seres dotados de consciência e não prisioneiros de acontecimentos, situações ou da matéria. Somos seres transcendentes e a morte (destino último de toda matéria) não tem a última palavra sobre o ser. A essa consciência chamamos de espírito. Não é algo à parte ou diferente de nós mesmos. É a nossa identidade mais profunda, aquilo que nos caracteriza, que nos faz seres únicos.

Há quem passa pela vida sonhando; quanto a mim, quero estar cada vez mais desperto, pois foi para isso que fui criado! E você?

Cultivo minha interioridade e vivo desperto!

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado.