Palavra do Pároco

Promessas e Dádivas do Cenáculo

Promessas e Dádivas do Cenáculo

Promessas e Dádivas do Cenáculo

No número de fevereiro/2019 do nosso Informativo, O REDENTOR, com o título “Cenáculo: o horizonte possível e desejável” para sermos Igreja – e, desta forma, Paróquia – do jeito que Jesus desejou, convidei os amados e amadas de Deus a nos aprofundarmos, aos poucos, nas comunicações que o Senhor nos faz nesta perspectiva do Cenáculo.
É fundamental que você leia os textos bíblicos indicados para poder seguir as meditações que faço.

A promessa do Espírito
(João 14, 1-26; 15, 26-27; 16, 5-15)

A Promessa do Espírito Santo feita por Jesus contempla diversos aspectos, mas quero aqui dar um especial enfoque: O Espírito Santo nos é prometido para mostrar-nos o Pai, quem é Ele; para levar-nos à intimidade do Seu coração, assim como Jesus vive nessa íntima relação. Não há real experiência de Deus sem intimidade: é o que Jesus mostra a Filipe. E intimidade não se resume a uma questão de tempo. Eles estavam convivendo com Jesus há três anos e ainda não tinham penetrado nessa intimidade.
É importante perceber que ao mencionar um dos discípulos, João quer chamar a atenção não para a personalidade daquele discípulo em particular, mas para os traços dele – e de todos eles – presentes em cada discípulo de Jesus, ou seja, em mim e em você também. Filipe mostra o lado pragmático e ainda resistente a entrar na intimidade (cf. Jo 6, 1-15 > multiplicação dos pães). Sendo o discípulo, pelo Batismo, habitação da Trindade, é o Espírito quem o leva à intimidade com o Pai e com o Filho. Viver, pois, nessa perspectiva é deixar-se conduzir pelo Espírito à intimidade. Dá pra perceber que não há como ser discípulo apenas numa observância externa de normas ou mandamentos?
É interessante, ainda, notar que o evangelista Lucas dá mais ênfase ao PODER do Espírito; João à INTIMIDADE que este mesmo Espírito comunica. E isso só é possível se Ele ESTÁ e PERMANECE em nós. Outro ponto a notar: como é caro a João o verbo PERMANECER.

A experiência profunda da Paz
(João 14, 27-31)

A paz como dádiva! É uma herança prometida por Jesus para não nos perturbarmos diante das lutas que enfrentamos, às vezes até mesmo diante do absurdo, o que na verdade seria Seu próprio e próximo destino. A cruz, a morte, o sofrimento: tudo isso é o confronto com o absurdo, o sem sentido, “nonsense”, como dizem os de língua inglesa.
O discípulo precisa aprender a confrontar-se com esses momentos sem perder a lucidez, haja vista que ele é depositário de um plano maior que está presente, mesmo quando não se consegue perceber de imediato o que está acontecendo.

A paz é uma dádiva que deve permanecer mesmo no confronto com o “príncipe deste mundo”. Portanto, é uma paz adquirida e vivenciada num contexto de batalha.Ela certamente não é mantida como uma sensação, mas como uma realidade espiritual. O discípulo precisa aprender a distinguir o que é uma dádiva espiritual e o que é apenas uma emoção. Nem sempre em nosso ministério formamos discípulos que vivam uma vida no Espírito, na posse dos dons mais íntimos, além de uma pura experiência sensorial. Lembremo-nos que uma das dádivas de Jesus ressuscitado ao aparecer para os seus discípulos no Cenáculo é a PAZ (cf. Jo 20, 19-23).

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado.