CENÁCULO:

O HORIZONTE POSSÍVEL E DESEJÁVEL

CENÁCULO: O HORIZONTE POSSÍVEL E DESEJÁVEL

CENÁCULO: O HORIZONTE POSSÍVEL E DESEJÁVEL

Ao tomar posse como pároco em nossa amada Paróquia Santo Afonso, disse que quero abraçar como perspectiva espiritual de meu trabalho pastoral o Cenáculo e toda comunicação de graça que ele traz.
Dois intensos relatos remetem-nos a ele: João, nos capítulos 13 a 17, e Atos 2, 1-13. Se toda a vida de Jesus vai levando-O, aos poucos, a Jerusalém e, consequentemente, ao Calvário, esta jornada passa pelo Cenáculo e condensa de forma maravilhosa todo o ministério que o Senhor havia exercido e sua entrega na Cruz.
“Viver no Espírito” é o caminho proposto para o discípulo de Jesus; não há outro jeito de viver o Seguimento sem, efetivamente, viver/andar no Espírito. Mas onde, sobretudo, aprendemos a ser discípulos? Onde foi comunicado esse inestimável dom? No Cenáculo!
O Cenáculo é, pois, muito mais que um lugar; é um modo de ser e de se viver o Discipulado.

O Aprendizado do Cenáculo


1- Serviço uns aos outros (João 13, 1-20)

Dons são para serem colocados em comum; eles não nos pertencem. Lembremos que “humildade” tem sua origem no latim humus, terra. Húmus, por sua vez é um composto orgânico especialmente fecundo, com grande potencial de fertilização. Portanto, na humildade e no serviço é que os dons brotam, crescem e frutificam.
Quanto mais distantes da humildade/húmus, mais infecundos. Mais o orgulho tomará conta de nós e nos tornaremos estéreis. O convite de Jesus é para nos colocarmos aos “pés” – próximos ao chão. Você já pensou que esse “chão” é, na verdade, a terra? O lugar da nossa origem? (confira o livro do Gênesis em seu relato da criação do homem a partir do barro).
Jesus, ao abaixar-se, não se anula e não pede que nos anulemos ao nos fazermos servidores, mas que resgatemos a fecundidade de nossos dons para os colocarmos a serviço. “Façam isso de igual forma” (Jo 13, 14).
Na Pastoral, se não houver humildade, dons não são colocados a serviço, não há Dízimo partilhado, não há crescimento. Não é sem motivo que a grande noite da Última Ceia, da Eucaristia, inicia-se com o Lava-pés.
Você está disposto a servir, a dar o melhor de si? Você acredita que só assim é que sua própria vida se tornará fecunda, do jeito que Deus quer para você e através de você?

2- Transparência do Coração (João 13, 21-38)

O Cenáculo foi o lugar do confronto. Depois de ter vivido com os seus discípulos três anos, não havia o que esconder. A vida de cada um era translúcida aos olhos do Mestre. Havia chegado o momento derradeiro de Jesus, a “hora” para a qual Ele viera. O Coração do Senhor estava totalmente aberto diante dos seus discípulos. O mesmo acontecia com eles, mesmo que não tivessem consciência disso.
O amor era transbordante, mas havia também tensão, medo, negação, traição. Percebamos como se encontrava o interior de cada um, especialmente destes três discípulos: em profunda intimidade, João encosta sua cabeça no peito de Jesus; Judas, já endurecido, fecha-se cada vez mais, arquitetando os últimos passos em sua intenção de trair o Mestre; Pedro, impetuoso e um tanto autossuficiente, sucumbe em sua fraqueza e nega Jesus.
Viver no Cenáculo é permitir, diante do Senhor, a transparência da alma, com todas as incoerências e contradições que nela podem habitar. De alguma forma, potencialmente, há em nós um João, um Pedro e até mesmo um Judas. Se não formos verdadeiros diante de nós mesmos e de Deus, acabaremos por deixar que se desenvolva o lado “Judas”.
Nunca pense que isso não acontecerá com você, pois, ao descuidar-se na vigilância espiritual, a raiz da infidelidade e do distanciamento – quando não da traição – pode, aos poucos, crescer em seu interior, como acontece quando uma pessoa tem uma doença grave desenvolvendo-se silenciosamente dentro de si.
Comunidade é lugar de conversão contínua, de cuidado mútuo, não como vigilância da vida do outro, mas com o outro, em vista de uma comum edificação espiritual. Quero me empenhar para que sejamos uma Paróquia sempre em busca de conversão e reclinada ao peito de Jesus, escutando profundamente seu Divino Coração.
Convido você, querido irmão e irmã, a vivermos juntos essa Comunidade rendida aos pés do Senhor e debruçada ao seu peito, em escuta e adoração. Vamos juntos?

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